Residente em Londres e São Paulo, a artista brasileira Mariannita Luzzati apresenta, na Galeria
Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, individual de sua recente produção. Com
pinturas e desenhos figurativos, Mariannita Luzzati mostra paisagens naturais do Brasil, com
destaque a apuração das cores, a preocupação com as formas e com os volumes.
“As paisagens de Luzzati, embora tomando por base lugares específicos, são suficientemente
abstratas para remeter a inúmeras referências e memórias. Como espectadores, temos a
sensação de “já termos estado ali”, de conhecermos os lugares e, sendo assim, dada a sua falta
de especificidade, eles falam às nossas experiências individuais, nossas lembranças pessoais e,
portanto, nossa constituição psicológica.” Afirma Gabriel Pérez-Barreiro in: Mariannita Luzzati
e a Pintura de Paisagem em Geral.
Após a fase de exercício na pintura abstrata e do uso intenso das cores, a artista Mariannita
Luzzati apresenta série inédita de telas e pequenos desenhos. Quatro anos fotografando e
pesquisando as paisagens naturais do Brasil, fizeram com que a artista, nascida e criada em
São Paulo, se reaproximasse dos cenários que compõem a imaginação e a memória do país,
como os balneários litorâneos e as montanhas de lugares como Minas Gerais, Rio de Janeiro e
Espírito Santo. Naquilo que Luzzati intitula de “alerta do olhar”, a visão externa e distanciada
das coisas, – dividir seu tempo entre Londres e SP desde 1994 – fez com que o seu trabalho de
pesquisa na pintura se aproximasse, cada vez mais, do exercício do figurativo, do interesse
pelas formas e pelos volumes, em consonância com a apuração das cores.
Intitulando-se como pintora, a artista pertencente à geração dos anos 90, Mariannita Luzzati
busca a aproximação com a dimensão das formas das geologias brasileiras – especialmente a
volumetria das montanhas de estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo –
na tentativa de retirá-las do estado de deturpação, seja pelo olhar ou pelo Tempo, para
restaurar estas paisagens na pintura e no desenho.
Em um processo que integra fotografia, pintura e desenho, com suas técnicas e linguagens
próprias, o trabalho começou a quatro anos fotografando estes espaços; das lentes das
câmeras, as paisagens ganham contornos figurativos, e reaparecem, num outro sentido, em
telas horizontais, verticais e quadradas de dimensões que fogem dos padrões de tamanhos
habituais. Neste momento, o interesse é a captação da dimensão espacial, o apuro do uso de
cores, transitando numa cartela primária e sóbria com brancos, cinzas, esverdeados e pretos.
Não convencionais para uma paisagem e espírito brasileiros, a justificativa na escolha destes
tons, encontra-se na percepção da artista da intensidade da luz no Brasil, em oposição, por
exemplo, à luz de Londres, que revela, no primeiro caso, uma sutileza de tonalidade das cores.
Destaca-se, então, a necessidade pela pintura, que cria universos que adquirem personalidade
e transformam a natureza num espaço monumental.
Como exercício da geografia e do espacial nas artes, a etapa seguinte é transformar o olhar das
paisagens, depois da pintura feita, em desenhos de pequenos tamanhos. “Para mim, o
desenho é uma depuração da pintura”, afirma a artista, que, após um hiato de muitos anos
sem desenhar, volta a aproximar o traço do desenho feito com lápis duro como se fosse a
ponta seca da gravura em metal, sem perder o brilho da maior preocupação do seu trabalho: o
rigor e a beleza das formas.
De 15 de agosto a 15 de setembro.