A ideia central desse trabalho é que você passe por uma desconstrução, você não será tocado, a não ser que você queira. Você só vai fazer o que você quiser, mas vale a pena aproveitar tudo que for sugerido”.
Essas são algumas das frases distribuídas nas paredes, que o visitante encontrará, antes de percorrer as galerias do Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Nesta exibição, Maria Lynch – em “Máquina Devir” -, uma das artistas mais criativas da atualidade, com obras no Brasil e no exterior, promete surpresas nesta exposição interativa: em cada sala, só poderão entrar dois espectadores ao mesmo tempo; eles não devem se conhecer e o tempo limite de permanência é 3 minutos.
Marco comemorativo dos quinze anos de carreira de Maria, a mostra aborda o retorno à infância e a desconstrução do pensamento hegemônico, além de evidenciar sua opção crescente pela performance e a imersão. Aventurando-se a princípio na pintura, a artista foi aos poucos trazendo suas formas amorfas das telas para o espaço físico. “Comecei a investigar um lugar tridimensional dessas formas”, ela conta em uma entrevista ao PIPA 2010, ao qual foi indicada. De lá para cá, Maria já apresentou performances no Paço Imperial e no MAM-Rio, além de ter vencido diversos prêmios. Uma das obras apresentadas no Oi Futuro é, aliás, oriunda de uma outra exposição internacional, dessa vez em Los Angeles, nos Estados Unidos. Com trilha sonora de Rodrigo Amarante, a instalação com bolas que ocupa a vitrine do térreo do espaço foi apresentada na galeria Wilding Cran no ano passado.
Para Maria, o objetivo de “Máquina Devir” é criar um espaço de instabilidade. “Procuro evidenciar que somos passíveis de criar uma nova maneira de pensar e sentir, resistindo aos valores consolidados e estabelecidos”, explica. Uma ideia que, apesar do aparente aspecto lúdico da mostra, ganha sustentação no pensamento de filósofos de renome: “Como diria Spinoza, ‘o homem só é livre somente quando entra na posse da sua potência de agir’”, conclui.
Até 19 de março