Depois de inaugurar, no início de dezembro, a exposição “Pardo é Papel: Close a door to open a window”, na sede da Galeria David Zwirner, em Londres, o artista carioca Maxwell Alexandre retornou a Porto Alegre, para finalizar a gravura produzida na prensa que pertenceu a Iberê Camargo, sob a supervisão do assistente do pintor gaúcho e coordenador do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê, Eduardo Haesbaert.
A obra (1,20cm x 80cm) é linda e, ao mesmo tempo, impactante: uma corrente de ouro e um revólver como pingente. Aos 30 anos, Maxwell retrata uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside.
Talvez a obra integre “Reprovados”, uma série que trata de questões mais ácidas de sua vivência, como o conflito da comunidade com a polícia, a dizimação, o encarceramento da população negra e a falência do sistema público de educação. O uniforme escolar da rede pública municipal do Rio de Janeiro é o motivo principal da série. Talvez não. Maxwell também vê na gravura uma atmosfera religiosa, que tem escolhas formais, como a luz dourada e o processo de fotografia.
A palavra do artista
“Penso que o artista falar sobre seu trabalho tira a potência da obra, por isso eu gosto de saber o que as pessoas veem”.