A Galeria Evandro Carneiro Arte, Shopping Gávea Trade Center,Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 14 de setembro a “Exposição Nossos Naïfs Brasileiros”. A mostra conta com 40 telas, de artistas diversos. Em destaque na exposição encontram-se as obras “O parque”, de JMS (Júlio Martins da Silva); “Mocinha lendo Carolina”, de Elza de Oliveira Souza (Elza OS); “A sanfoneira”, de Miranda, entre outros. As peças pertenciam à coleção de Lucien Finkelstein e estão à venda.
Descobrir a ingenuidade, a simplicidade, a franqueza, a liberdade, o colorido todo especial, tropical, quente, sedutor, tal qual a alegria de viver do povo brasileiro, é encontrar a essência da pintura de nossos naïfs. Esses artistas, dotados de um senso plástico natural, não se prendem a regras ou modismos e nem se deixam influenciar pelas tendências do momento.
Eles nos mostram, através de suas pinceladas diretas e objetivas e suas técnicas intuitivas ou até mesmo criadas por eles próprios, os mais variados temas, tais como: festas populares, religiosidade, mitos, lendas, brincadeiras e folguedos de crianças, a vida no campo e na cidade, o imaginário, a fauna e a flora de nosso país, o cotidiano em que vivem, narram nossa história, mostram a diversidade cultural e nossas belezas naturais, mas também podem fazer críticas sociais, defender a salvaguarda da natureza e a preservação do meio-ambiente, através de suas ingênuas pinceladas.
O Brasil é um dos cinco grandes da arte naïf no mundo, junto a França, Haiti, ex-Iugoslávia e Itália. Aqui encontramos uma quantidade imensa de artistas e constata-se que a cada dia que passa esse número cresce. Além de pintar em telas, vidros, eucatex, madeiras, cascas de árvores, tecidos, peles de animais, os naïfs podem também se expressar através de bordados, cerâmicas, esculturas, xilogravuras, etc., fazendo uso de seus recursos inesgotáveis.
Apesar de não seguirem regras, escolas e tampouco tendências, é curioso ressaltar semelhanças que podem surgir entre pinturas e também técnicas usadas por artistas de cantos inteiramente diversos do mundo. Assim, como explicar tais coincidências, a não ser através do conceito do inconsciente coletivo criado pelo psiquiatra suíço Jung? Diz-se que a arte naïf aparece nos primórdios da humanidade, que nossos ancestrais, podem ter sido os primeiros pintores naïfs. Pois através da pintura rupestre, nas paredes de suas cavernas, eternizaram seus rastros, partes do seu cotidiano, suas caças, se comunicando e inventando uma linguagem para se expressar e deixar registrada.
O francês “Douanier” Rousseau foi o expoente da arte naïf moderna. Dele surgiram, no final do século XIX e início do XX, as mais belas e exóticas florestas, vegetações e animais, que para assombro dos grandes mestres da época, ele dizia os encontrar logo ali, num jardim perto de onde morava. Foi com a sua pintura única, simples, direta e imaginária que encantou os mais famosos. Num jantar na casa de Picasso, declarou ao mestre: “Você e eu, somos os mais importantes artistas de nosso tempo, você no estilo egípcio e eu no estilo moderno.” Os naïfs brasileiros são os mais autênticos e verdadeiros porta-bandeiras da pintura brasileira. Deleitem seus olhos e aqueçam seus corações com as pinceladas da exposição Nossos Naïfs Brasileiros na Galeria Evandro Carneiro Arte.