A exposição “Coleção Itaú de Fotografia Brasileira”, organizada pelo Itaú Cultural e Instituto Tomie Ohtake, mapeia os últimos 60 anos da produção fotográfica nacional de caráter experimental. A exposição já foi apresentada, em 2012, na Maison Européenne de la Photographie, em Paris, e no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Cartaz do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição apresenta 94 obras em um recorte do acervo de imagens fotográficas do Banco Itaú do final da década de 1940 até hoje estabelecendo um espelhamento lúdico entre obras modernistas e contemporâneas.
A diversidade e dimensão desse acervo permitiu ao curador selecionar obras ainda não exibidas nas duas mostras anteriores e criar novas relações de linguagem entre elas, imprimindo um novo conceito para esta edição. Eder Chiodetto manteve um núcleo de artistas modernistas como Geraldo de Barros, José Oiticica Filho, Thomaz Farkas, e José Yalenti, e acrescentou trabalhos contemporâneos de Cristiano Mascaro, Arthur Omar, Eduardo Coimbra, Bob Wolfenson, Paulo Nazareth, Alex Flemming, Albano Afonso, Pedro Motta e Mauro Restiffe.
“O processo curatorial mantém a essência de pesquisar a ressonância da fotografia modernista experimental, praticada com ênfase entre os anos 1940 e 1960, na fotografia contemporânea brasileira”, observa Eder Chiodetto. “A exposição contém obras que ilustram os dois períodos, mostrados lado a lado, para instigar a leitura conceitual e estética e ilustrar como o período modernista ressoa na produção contemporânea”, completa.
Nas palavras dele, esta mostra não segue uma cronologia para estabelecer um espelhamento lúdico, evidenciando as relações formais e uma atitude libertária diante da representação fotográfica presentes nos dois períodos. O conjunto de obras está dividido em dois espaços. “Uma das intenções dessa mostra é justamente sugerir pontos de contato entre os tempos pré e pós ditadura”, explica o curador.
O primeiro apresenta trabalhos que enfocam a paisagem urbana – tendo a arquitetura modernista da Escola Paulista como um ícone – e o homem marcando mais claramente as conexões e os desdobramentos estéticos e conceituais que ligam a produção dos fotógrafos modernos aos autores contemporâneos. São trabalhos, para citar alguns, de Thomaz Farkas, Cristiano Mascaro e Rubens Mano.
Em contraponto, no outro espaço são apresentados trabalhos de nomes como Ademar Manarini, José Oiticica Filho, Miguel Rio Branco, Mario Cravo Neto e Claudia Andujar que versam sobre o homem e sua identidade.
Entre a produção modernista e a contemporânea há um vácuo na produção experimental que coincide, não por acaso, com o período da ditadura militar (1964 – 1985). Foram raros os artistas que utilizaram a fotografia para experimentar novos limites da linguagem. Entre eles, destacam-se as séries “Para um Jovem de Brilhante Futuro”, de Carlos Zílio e “Viagem pelo Fantástico”, de Boris Kossoy, que fazem analogia aos tempos da ditadura.
Até 19 de maio.