A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia a representação de Miguel dos Santos, artista nascido em 1944, em Caruaru, PE. O artista reside, desde os anos 1960, em João Pessoa, PB, onde estabeleceu seu ateliê. Artista autodidata, sempre explorou linguagens diversas, como a pintura, a cerâmica e a escultura em mármore e madeira, combinadas a temáticas da cultura popular do Nordeste e a mitologias dos povos originários das Américas e do Norte da África. Ao lado de nomes como Ariano Suassuna, Francisco Brennand e Gilvan Samico, fez parte do Movimento Armorial, lançado no Recife, em 1970. Figuras como Aleijadinho e Mestre Vitalino também influenciam amplamente a sua produção. O artista segue em plena atividade e desdobrando sua pesquisa, que se mantém coesa.
Em comentário da década de 1980, Ariano Suassuna abordou elementos de destaque em sua obra: “Como se pode ver pelo trabalho de Miguel dos Santos, a diferença principal entre nós escritores e artistas atuais do Nordeste – e os anteriores – o que nos caracteriza e distingue mais, é a ligação com o Realismo mágico – e não surrealismo. (…) A pintura de Miguel dos Santos é algo que me entusiasma, povoando seus quadros a óleo, ou cerâmicas, de bichos estranhos: dragões, metamorfoses, cachorros endemoninhados, santos, mitos e demônios – uma obra tão ligada ao Romanceiro e por isso mesmo tão expressiva da visão tragicamente fatalista, cruelmente alegre e miticamente verdadeira que o povo tem do real”.
Em 1977, Miguel dos Santos esteve entre os artistas brasileiros selecionados para o II Festival Mundial de Artes e Cultura Negra e Africana, o FESTAC ’77, na Nigéria, do qual participaram outras figuras de destaque da cultura brasileira, como Emanoel Araújo, Rubem Valentim e Gilberto Gil.
Em 2009, por encomenda da Prefeitura de João Pessoa, o artista criou a escultura A Pedra do Reino, localizada no Parque Sólon de Lucena, importante cartão-postal da cidade. A obra é uma homenagem a Ariano Suassuna e retrata um trecho do livro homônimo do escritor paraibano.
Entre as suas principais exposições, estão: Miguel dos Santos, Galeria Bonino, Rio de Janeiro, 1972; Image du Brésil, Manhattan Center, Bruxelas, 1973; II Festival Mundial de Artes e Cultura Negra e Africana, FESTAC ’77, Nigéria, 1977; XIV Bienal Internacional de São Paulo, 1977; Os ritmos e as formas na arte contemporânea, Kunsthalle Charlottenborg, Copenhague, 1989; A ressacralização da arte, SESC Pompeia, São Paulo, 1999; Miguel dos Santos, Galeria Ricardo Camargo, São Paulo, 2001; Movimento Armorial – 50 Anos, CCBB Rio de Janeiro e CCBB Brasília, 2022. Suas obras fazem parte do acervo de diversos museus, tais como: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo; Museu Casa de Cultura Hermano José, João Pessoa; Centro Cultural Benfica – UFPE, Recife; FAMA Museu – Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, SP; Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, Brasília e Museu Janete Costa de Arte Popular, Niterói, RJ.