Depois de Pedro Motta vencer no ano passado o NOVO BANCO PHOTO (ex- BESphoto), na edição de 2014 novamente outro brasileiro, a artista Letícia Ramos, é a grande vencedora. Em sua 10ª edição, a exposição dos finalistas, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, por meio de uma parceria entre o Novo Banco, o Museu Coleção Berardo e o Instituto Tomie Ohtake, após passar pelo museu português, será apresentada em São Paulo, de 24 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015.
A escolha de Délio Jasse (Angola), José Pedro Cortes (Portugal) e Letícia Ramos (Brasil) para concorrer ao prêmio foi feita pelo primeiro júri de seleção, que analisou, durante o período definido pelo regulamento, o panorama da produção fotográfica de artistas em Portugal, no Brasil e nos países africanos de língua oficial portuguesa. Compuseram esse júri: Jacopo Crivelli Visconti (Brasil), crítico e curador independente; João Fernandes (Portugal), subdirector do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid; e Bisi Silva (Nigéria), fundadora e diretora do Centre for Contemporary Art, em Lagos.
Despois desta etapa, os selecionados são convidados a produzir uma obra comissionada, cujo resultado é analisado por outro corpo de jurados para a decisão do vencedor. Esse segundo júri contou com Elvira Dyangani Ose, curadora de arte internacional da Tate Modern, de Londres, Luis Weinstein, fotógrafo e organizador do Festival Internacional de Fotografia de Valparaíso, no Chile, e María Inés Rodríguez, diretora do Musée d’Art Contemporain de Bordeaux, na França.
Sobre as obras produzidas pelos artistas para concorrer ao Novo Banco Photo
Em “Nós sempre teremos marte”, Letícia Ramos, 38 anos, que vive em São Paulo, procurou fazer uma homenagem à imaginação científica romântica, “aos inventores descobridores de mundos distantes”. A artista foi buscar o título em um jornal que faz uma referência literal à frase “Nós sempre teremos Paris”, do filme “Casablanca”, e à chegada da nave Curiosity a Marte, no ano passado. Este conjunto de obras apresenta-se como uma narrativa de ficção-científica, um inventário de imagens que falam do cientista perdido no tempo e no espaço. A exposição é composta de fotografias produzidas a partir de processo de microfilmagem, assim como de um curta-metragem realizado a partir de miniaturas, mostrando a trajetória de um microsubmarino à deriva nas profundezes de um lago pré-histórico submerso no gelo Antártico.
Já o português José Pedro Cortes, 38 anos, nascido no Porto, apresentou “Um Eclipse Distante”, conjunto de imagens em que o autor renova a exploração da relação fotógrafo-modelo. Pos sua vez, o angolano Délio Jasse, nascido em Luanda há 34 anos, criou a série “Ausência permanente”, na qual desenvolve uma reflexão acerca dos vestígios do passado – fotografias antigas sobre a época colonial em Angola – e da sua influência no presente.
Sobre Letícia Ramos
Nasceu em Santo Antônio da Patrulha, RS, 1976. Vive e trabalha em São Paulo. Cursou arquitetura e urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. O seu foco de investigação artística é a criação de aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento e a sua apresentação em vídeo, instalação e fotografia. Os seus trabalhos, com forte caráter processual, geralmente inserem-se no âmbito de projetos de investigação mais ampla. Em séries como ERBF, Escafandro, Bitácora e Vostok, desenvolve complexos romances geográficos que se desdobram e se formalizam em diferentes mídias. A artista recebeu prêmios e bolsas importantes entre os quais, o Prémio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2010), para o desenvolvimento do projeto Bitácora (2011-2012), com a publicação do livro de artista Cuaderno de Bitácora e a participação na residência expedicionária «The Arctic Circle» (2011). O trabalho fotográfico realizado durante a expedição foi distinguido com o Prêmio Brasil Fotografia – Pesquisas Contemporâneas (2012). Em 2013, participou no programa «Encontros na Ilha» da 9.ª Bienal do Mercosul. Neste mesmo ano, em residência no espaço PIVÔ (São Paulo), desenvolveu o projeto Vostok, constituído por um filme de 35 mm, um livro, um website e um disco LP. No mesmo ano, seu projeto Microfilme foi contemplado com a Bolsa de Fotografia 2013, do Instituto Moreira Salles e da Revista Zum. Atualmente, em São Paulo, também está em cartaz com a exposição Sabotagem, em parceria com Marcia Xavier, na Casa da Imagem.
Até 11 de janeiro de 2015.