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AGENDA CULTURAL

Novo representado pela Gomide&Co

É com orgulho que a Gomide&Co anuncia a representação de Megumi Yuasa. A apresentação do seu nome ocorre no contexto de um programa da Gomide&Co que devota especial atenção ao território da cerâmica, tendo como bússola a superação das distinções estabelecidas entre essa técnica e outras linguagens artísticas com vias à afirmação dessa produção no campo da arte contemporânea.

Em uma entrevista de Megumi Yuasa, encontramos a seguinte passagem: “Ao se formar, nosso planeta era uma bola de magma que esfriou e formou a pedra dura. Sobre a pedra veio a água e, dela, a vida. Enquanto isso, a rocha decomposta virou argila. Não fiquei espantado quando a Nasa declarou, há algum tempo atrás, que somos feitos da mesma matéria das estrelas. Todo ceramista sabe isso.” Esse breve trecho resume um dos sentidos centrais da obra do artista, qual seja, nos recordar que há um amálgama entre seres humanos e natureza. Desse ponto de vista Megumi nos apresenta uma série de paisagens imaginadas. Árvores, sóis, luas, montanhas, nuvens, sementes, ganham formas simultaneamente familiares e improváveis, ao mesmo tempo em que se aliam, de forma fiel, ao vazio. Aqui, os espaços preenchidos pelo ar são tão importantes quanto aqueles feitos de matéria concreta. Vazio que, por sua vez, pode nos recordar a dimensão do silêncio. Em meio a um mundo cada vez mais ruidoso, as suas esculturas de acento pictórico evocam uma necessária esfera meditativa. Tendo realizado as suas primeiras exposições ainda no fim da década de 1960, o artistachega aos anos  2020 somando mais de meio século de trajetória como um nome seminal da cerâmica no Brasil. Em realidade, diante das obras de Megumi Yuasa, não se trata de lidar com a especificidade de uma técnica, mas sim pensar na amplitude de sua poética e na sua capacidade de endereçar, a parir dela, um universo de aguda singularidade.

Luisa Duarte

Diretora Artística

Sobre o artista

Megumi Yuasa, 1938. O escultor e ceramista, Megumi Yuasa inicia-se nas artes plásticas em 1964, quando passa a realizar suas primeiras cerâmicas. Viaja em seguida junto a sua companheira Naoko Yuasa ao interior do estado de Goiás, pesquisando técnicas e materiais. Em 1968, realiza em Goiânia sua primeira exposição, e no ano seguinte retorna para São Paulo. Logo seu trabalho passa a ser reconhecido. Já em 1971, frequenta por seis meses a Escola Brasil, a convite do pintor Luiz Paulo Baravelli (1942). Desde o início de sua carreira, Megumi está sempre presente nas mostras de artistas nipo-brasileiros, e nas mostras voltadas para a linguagem da cerâmica. Sempre imbuído de um discurso filosófico e político, é um artista com viés anárquico em suas práticas, na medida que incorpora outros materiais às suas cerâmicas, como metais e tintas, o que foge de um escopo tradicional dentro da cerâmica japonesa. Em 1979, inicia atividades como professor de cerâmica, às quais se dedica até hoje, organizando cursos e oficinas. Entre 1981 e 1982, presta assessoria à Escola Senai Armando Arruda Sampaio. Em 1982, é convidado a ministrar um curso de cerâmica na Universidade Caxias do Sul. No ano de 1984, é convidado pelo Museu de Artes do Rio Grande do Sul – MARGS, a ministrar o curso Observação da Realidade. Em 1987, realiza uma individual na Galeria de Arte São Paulo. Em 1988, recebe o Prêmio Escultura Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA. No mesmo período, morando em Itu, passa a trabalhar na Cerâmica Aruan, de Gilberto Daccache. Lá teve um espaço na fábrica onde modelava suas peças e ensinava o ofício aos jovens operários que produziam utilitários. Além disso, organizou uma biblioteca onde estudavam poesia, música e literatura. Em 1989, viaja a Lisboa (Portugal) para ministrar curso no Seminário de Cerâmica Brasileira em Lisboa. Em 1991, volta a Galeria de Arte São Paulo com nova individual. No fim dos anos 1990 realizou as suas últimas individuais, na Skultura Galeria de Arte (São Paulo), em 1997, e na Galeria LGC Arte Hoje (Rio de Janeiro), em 1998. Das exposições coletivas, cabe destaque às suas participações nas 13ª e 14ª edições da Bienal Internacional de São Paulo (1975 e 1977, respectivamente); na coletiva itinerante Encuentro de Ceramistas Contemporaneos de America Latina, de 1987, que passou pelo Museum of Conteporary Hispanic Art (New York, USA), Museum of Fine Arts (St. Pittsburg, USA), Centro de Arte Contemporâneo (Ciudad de Mexico, México), Museo de la Universidad Nacional de Colombia (Bogotá, Colômbia), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro); Sala Nacional de Exposiciones (Buenos Aires, Argentina), entre outras. Também participa da coletiva Laços do Olhar, em 2008, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo) e, em 2023, integra a coletiva O Curso do Sol, na Gomide&Co, também em São Paulo. Participa de várias edições de festivais e encontros de ceramistas, além de mostras realizadas por ocasião de aniversários da imigração japonesa ao Brasil. Ao longo de sua carreira, e até os dias de hoje, Megumi Yuasa também ministra oficinas, palestras e cursos dentro dos temas que abrangem suas práticas artísticas.

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