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AGENDA CULTURAL

O MUNDO FANTÁSTICO DE MÁRIO GRUBER

Mário Gruber

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “O Mundo Fantástico de Mário Gruber”, artista falecido em dezembro de 2011 aos 84 anos. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta um panorama completo da obra do artista, realizada ao longo de seis décadas de atividade artística.

 

Durante toda sua vida Gruber trilhou um caminho único. A reboque de todos os modernismos inspirou-se nos mestres do passado, criou sua própria e requintada técnica de pintura e debruçou-se sobre um realismo mágico inteiramente pessoal. Alcançou o sucesso e a fama, foi igualmente endeusado e repudiado, mas nunca pode ser acomodado em nenhum dos nichos criados pela crítica de arte: Gruber é Gruber.

 

Na década de 1940, o artista pintava e gravava retratos, paisagens e naturezas-mortas seguindo os caminhos da arte da época, mas já buscando sua própria forma de expressão. Na década de 1950, alguns temas e características particulares tornaram-se evidentes: a preocupação com a qualidade técnica, o uso dramático do claro-escuro e uma predileção pela figura humana, captada em sua condição de espanto e solidão. Obras, como “Meninos” e “Engraxate” prenunciam o aparecimento do “Muleque Cipó”, personagem arquétipico que Gruber irá retratar sob diferentes nomes ao longo de muitos anos, sempre evidenciando a condição do menino pobre, irreverente, triste, desprotegido e perigoso.

 

Nos anos 1960, aparece o tema dos “Fantasiados” que o artista pinta também por muito tempo, mergulhando, cada vez mais fundo, no onírico mundo das máscaras, compondo imagens eivadas de símbolos e sempre usadas como formas de entender o real. Nos anos de chumbo da ditadura, através dos “Anjos da Renascença Brasileira”, Gruber denuncia a censura que transformava a todos em marionetes, em anjos de asas que não voavam. A série “Profeta dos Anzóis”, iniciada nos anos 1980, estendeu-se até os anos 1990, levantando questões existenciais entre metáforas de chaves e anzóis. Em 2000, o artista, conhecido como exímio colorista, ousou realizar um conjunto de obras monocromáticas que encerra o grupo de pinturas.

 

A exposição apresenta também um extenso grupo de gravuras e matrizes nas quais fica evidente a maestria de Gruber no manejo da goiva e do buril, sua inventividade na experimentação e seu engajamento em questões humanitárias.

 

De 04 de julho a 12 de agosto.

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