Em exposição e encontro com o artista, Andrey Guaianá Zignnatto que fará revisão sobre os movimentos da história da arte brasileira, reafirmando elementos das culturas indígenas, reapropriados, no dia 29 de abril, a partir das 13h. O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, Parque do Ibirapuera, Portâo 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura no próximo dia 29 de abril, a exposição individual “Alicerce” do artista indígena Andrey Guaianá Zignnatto, que apresentará ao público um total de 10 trabalhos produzidos em diversas plataformas e técnicas (vídeo, objeto, instalação, serigrafia, pintura). A mostra conta com a curadoria do próprio artista e tem como destaque a instalação de mesmo nome, “Alicerce”, a maior já produzida por Zignnatto – uma casa pré-moldada de concreto, apoiada sobre um conjunto de dezenas de grandes vasos cerâmicos indígenas. O texto curatorial traz a assinatura de Sandra Ará Rete Benites.
O conjunto de trabalhos expostos propõe uma revisão sobre o processo de desenvolvimento dos movimentos modernistas e contemporâneos da História da Arte Brasileira, no qual Zignnatto identifica uma constante apropriação de elementos das culturas indígenas por parte dos artistas na produção de seus trabalhos, que dele excluíram, no entanto, os povos indígenas, o que Zignnatto chama de “processo de grilagem cultural”.
Outro trabalho de destaque da mostra é o conjunto de 5 pinturas denominado “Espelho dos Juruás”. Nele, o artista retrata, em cada tela, sua boca, num gesto que apresenta sua arcada dentária, semelhante à forma por meio da qual escravos negros e indígenas eram avaliados por seus colonizadores. Abaixo das imagens, encontram-se algumas das muitas frases de preconceito dirigidas constantemente ao artista.
No dia da abertura, será realizada uma conversa entre o artista e Luiz Canê Mingué, o Kenké (chefe) do povo Dofurêm Guaianá, povo originário da cidade de São Paulo. A conversa será aberta ao público interessado e gratuita.
As obras da produção artística de Andrey Guaianá Zignnatto são consideradas pelo próprio artista uma forma de buscar o equilíbrio entre as muitas e diferentes forças dos universos urbanos e dos povos originários, de sua vida em ambientes urbanos, inclusive de sua experiência na juventude como pedreiro, com a ancestralidade indígena de sua família.
O projeto, contemplado no Edital Proac Expresso Direto nº 038/2021, conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Conta igualmente com o apoio da Alphaz Concept, cerâmica Gresca e Desaya revestimentos.
Encontro com o artista Andrey Guaianá Zignnatto
O encontro será em torno da exposição “Alicerce” e contará com a presença de Luiz Canê Minguê Guaianá, Chefe e líder espiritual do povo Indígena Dofurêm Guaianá de São Paulo, para dialogar com Andrey que irá abordar na conversa aspectos da montagem da mostra, de modo a que o público participante conheça os bastidores do processo e tenha um encontro privilegiado com o artista no dia da abertura.
Sobre o artista
Autodidata, professor de artes visuais e ativista de projetos sociais. Trabalhou como ajudante de pedreiro dos 10 aos 14 anos de idade. Indígena das etnias Dofurêm Guaianá e Guarani M’bya. Estas memórias afetivas e ancestrais são a base para o desenvolvimento conceitual e dos métodos usados na sua produção artística. Participou de exposições, entre individuais e coletivas, em museus, centros culturais e galerias de arte no Brasil, Estados Unidos, Emirados Árabes, França, Colômbia, Inglaterra, Itália, Peru e Argentina. Contemplado com 2 prêmios do Ministério da Cultura, sendo 1 pela Funarte e 1 pelo IPHAN (2014 e 2015); 5 prêmios da Secretaria de Estado da Cultura de SP pelo PROAC (2014, 2015, 2017, 2021, e 2022); prêmio do 18º Festival Cultura Inglesa, e indicado para o prêmio Jameel Art Prize do Victória & Albert Museum da Inglaterra (2017). Possui obras em acervos importantes de instituições públicas e privadas, como Perez Art Museum Miami – EUA, Bunker Artspace – EUA, Museu de Arte do Rio – Brasil, coleção Diane Solomon – EUA, coleção Alfredo Setúbal (CEO Itaúsa) – Brasil, coleção família Marsano – Peru, coleção família Marinho -Brasil, entre outras. Desde 2002, realiza oficinas de arte para projetos humanitários que apoiam pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social, para refugiados da guerra civil na Síria e Líbano, refugiados da Venezuela, crianças órfãs do Abrigo Nossa Casa, Casa da Fonte, Centro de Referência do Idoso, Centro de Referência da Assistência Social, Centro de Apoio Psicossocial adulto e infantil, moradores da Rua Helvetia (região da Cracolândia SP), prostitutas e ex-prostitutas atendidas pela Associação Magdala, Centro de Detenção Provisória Bandeirantes entre outros.
Sobre o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo administrada pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura. Inaugurado em 2004, a partir da coleção particular do seu diretor curador, Emanoel Araujo, o museu é um espaço de história, memória e arte. Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do mais famoso parque de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo conserva, em cerca de 12 mil m2, um acervo museológico com mais de 8 mil obras, apresentando diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiro e abordando temas como religiosidade, arte e história, a partir das contribuições da população negra para a construção da sociedade brasileira e da cultura nacional. O museu exibe parte deste acervo na exposição de longa duração e realiza exposições temporárias, atividades educativas, além de uma ampla programação