A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, apresenta uma verdadeira surpresa: a exposição do pintor e escultor argentino Juan Melé, um dos expoentes da arte concreta na América Latina. A individual “Juan Melé – Construtor de poesia” contempla 20 obras do artista, entre gravura em metal e pinturas, apresentadas, em seu conjunto, pela primeira vez no Rio de Janeiro. Trata-se de uma rara oportunidade de conhecer a imensa criatividade desse inovador artista latino-americano. A exposição na Mul.ti.plo abre dia 05 de março.
Melé foi membro da Associação Arte Concreto-Invenção e cofundador do Grupo Arte Nuevo, eventos inaugurais do Movimento Madi, na Argentina. Segundo o próprio artista, “a geração de 1940 assume uma genuína atitude criadora, quer dizer, não só de receber influências senão, sobretudo de trazer novos elementos criativos ao desenvolvimento da arte”. É importante lembrar que, naquele tempo, Buenos Aires era culturalmente a cidade mais importante latino-americana, rivalizando apenas com Rio de Janeiro. O grupo de jovens artistas construtivistas do qual Melé faz parte deu um basta nas meras influências europeias e passou a ser protagonista de uma arte reconhecida como inovadora em todos os centros de vanguarda, nomeadamente Paris.
Obras de Juan Melé fazem parte de importantes acervos e hoje é disputado nas mais significativas casas de Leilões.”A leitura de sua irrestrita admiração por Cézanne, a sua proximidade fraterna com Max Bill e a sua primeira visita ao recluso atelier de Constantin Brancusi foram aos poucos me encantando. A cada passo reconhecia no seu trabalho um rigor poético capaz de transbordar uma visibilidade de tirar o tapete de baixo dos pés dos meros influxos europeus, conquistando voz e luz própria”, conta Maneco Müller, diretor da galeria.
Sobre o artista
Nascido em Buenos Aires, Argentina, Juan Melé frequentou a Escola Manuel Belgrano de Belas Artes, onde conheceu Gregorio Vardánega e Tomás Maldonado. Mais tarde, estudou na Escola Nacional de Belas Artes Prilidiano Pueyrredón, formando-se em 1945. Um ano depois, ingressou na Associação de Invenção de Arte Concreta. Em 1948 e 1949, estudou na École du Louvre, em Paris, com uma bolsa do governo francês, e conheceu artistas como Georges Vantongerloo, Antoine Pevsner Constantin Brancusi, Sonia Delaunay, Max Bill e Michel Seuphor. Em 1950, voltou à Argentina, onde continuou sua carreira artística, começou a ensinar e publicou vários artigos. Melé expôs seu trabalho na 2ª Bienal de São Paulo (1953), Cayman Gallery (Nova York, 1978); Arch Gallery (Nova Iorque, 1983 e 1985); Museu Eduardo Sívori (Buenos Aires, 1986); Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, 1987); Argentina Art-Invention Concrete 1945. Madi Group 1946, Galeria Rachel Adler (Nova York, 1990); Arte-invenção concreta – Madi art. Argentina 1945-1960, Haus für Konstruktive e Konkrete Kunst (Zurique, 1991); Museu de Arte Moderna (Sevilha, 1994); Arte abstrata do Rio da Prata. Buenos Aires e Montevidéu 1933/53, Sociedade das Américas (Nova York, 2001); Juan Melé, pensamento construtivo, Universidade Três de Fevereiro (Buenos Aires, 2012); Corpo a corpo em diálogo, Expotrastiendas (Buenos Aires, 2011). Em 1999, publicou suas memórias, La vanguardia del 40. Morreu em Buenos Aires, em 2012.
Até 23 de abril.