A BASE, de Daniel Maranhão, exibe “Agentes Concretos”, primeira individual no espaço do artista Guilherme GAFI, com texto crítico de Eloísa Almeida, a mostra tem abertura agendada para quarta-feira – 03 de maio – às 18h30. A exposição apresenta mais de 30 obras, entre pinturas e esculturas, que percorrem a trajetória do artista, desde as figurativas do início da carreira, executadas em aquarela há cerca de uma década, até os trabalhos abstratos, mais recentes. Até 03 de junho.
Nessa ação, GAFI retorna ao figurativismo com um painel da série “Agentes Concretos”, que empresta o nome à exposição. Na obra, vemos um trabalhador de rua exercendo seu ofício. Segundo Eloísa Almeida, “uma cena de trabalho de um gari ou um varredor de vias públicas. Lembramos sua roupa, suas ferramentas, a paisagem ao seu redor, mas nunca seu rosto. Qual o seu rosto? Qual o seu nome?” A série trata justamente desse anonimato pelo qual os trabalhadores que atuam nas ruas padecem.
Além das obras figurativas, tem-se também uma ampla gama de abstratas, onde o artista utiliza diversos suportes como papel, tela, madeira e chapas galvanizadas. Na técnica prevalecem a tinta acrílica, colagens e o spray, de forma sutil, um resquício de sua época de grafiteiro. É na rua que Guilherme GAFI mantém sua pesquisa, e isso se verifica nos resultados obtidos. As paisagens podem ser visivelmente percebidas nas obras com degradê de azul, porém somam-se manchas, sobreposições de camadas, largas e rápidas pinceladas, trazendo uma desordem para a paisagem bucólica.
Segundo Eloisa Almeida, “…é uma paisagem em ruínas. Diferente da paisagem ligada ao horizonte preenchido de céu e campo. É organizada no caos: uma contradição desajeitada. Formada por pedaços assimétricos, são como falhas de execução”.
As chapas galvanizadas, suporte duro e pouco utilizado, ganham extrema leveza a partir dos vincos e dobras feitos pelo artista; o resultado final é que tais chapas muito se assemelham a folhas de papel; expostas nas paredes, no chão, ou penduradas no teto, como móbiles. Em algumas obras, sobretudo nas esculturas, GAFI utiliza materiais coletados na rua, como baldes, embalagens plásticas, luvas, entre outros.
“Nas obras presentes nesta exposição há um rastro do anônimo, das outras mãos que manejaram os materiais encontrados nos caminhos de Guilherme GAFI. Um rastro notado na pintura da série “Agentes Concretos”, iniciada em 2018. Em grande escala, uma cena de trabalho de um gari ou um varredor de vias públicas”, assinala Eloisa Almeida.