Idealizada pelo curador Marco Antonio Teobaldo, a Galeria Pretos Novos, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, apresenta parte de uma proposta feita aos artistas convidados para que criassem obras sobre o mesmo suporte (que dá o título da mostra): “Papel de seda”. A ideia inicial era de apresentar as obras coladas diretamente sobre as paredes da galeria, reiterando o caráter frágil e efêmero da matéria. Contudo, surgiram trabalhos que extrapolaram a bidimensionalidade e o emprego deste material.
É o caso do artista paulistano Ozi, que buscou em suas memórias de infância recursos para construir um balão inflável, convidando o visitante a percorrer os olhos sobre a sua superfície, enquanto a obra gira em torno do seu próprio eixo, revelando uma coreografia de duas bailarinas em estêncil, sobre o papel. Fábio Carvalho, criou a instalação “Parada Monarca”, composta de bandeirolas carimbadas com tinta acrílica e que também remetem aos festejos juninos. Ele aplica as figuras de soldadinhos alados, que dispostos como em um desfile militar, flamulam a mensagem de que virilidade e sensibilidade podem estar juntas.
Colados diretamente sobre as paredes, temos os trabalhos do italiano Omino71, que tem um apurado domínio sobre a técnica de desenho e pintura em tinta acrílica sobre este tipo de papel, formando uma enorme cabeça de super-herói com a inscrição “Eu sei os nomes”. Repetindo a ação que ele tem feito em vários países da Europa, inscrevendo a mesma frase nos idiomas locais por onde a obra é apresentada. Já seu conterrâneo, Mr. Klevra, também de Roma, exibe uma obra em homenagem a extraordinária cantora lírica peruana Yma Sumac (1922-2008), inserindo em seu retrato uma auréola dourada, como se fosse uma imagem sacra em estilo bizantino.
Moisés Patrício traz de São Paulo a obra da série “Aceita?”, em que a representação de sua própria mão oferece a cabeça de seu ídolo de infância: Ronaldo, o fenômeno. O artista dá continuidade ao trabalho no qual criou uma foto por dia, durante dois anos, para questionar a fragilidade de suas referências. Eduardo Denne, o mesmo artista que criou para o pátio do IPN o retrato de um africano escravizado, desta vez apresenta uma obra da série “Orixás”, com a figura de uma exuberante mulher negra. Esta mesma imagem e outras da mesma série, têm sido reproduzidas pelos muros da cidade. Partindo para o mundo da fantasia, com uma pegada de História em Quadrinhos, Fábio Birita apresenta mais uma aventura espacial do cachorro Birita, personagem que acompanha o repertório do artista há mais de dez anos.
“Papel de Seda” surgiu para que os artistas se divertissem com a ideia de criar algo novo e leve. Da mesma forma que foi idealizada para que os seus visitantes se divirtam! A coordenação geral é de Ana Maria de la Merced Guimarães dos Anjos e a coordenação Núcleo de Cultura de Maria da Penha dos Santos. Uma produção da Quimera Empreendimentos Culturais e realização do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos – IPN.
De 25 de junho a 30 de agosto.