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AGENDA CULTURAL

Pierre Verger e Carybé em livro

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, de 12 a 28 de setembro, a exposição comemorativa para o lançamento da nova edição do livro “Lendas Africanas dos Orixás” de Pierre Verger e Carybé, publicado pela Fundação Pierre Verger. Para a mostra, foram selecionadas fotografias vintages Palácios Reais de Abomey feitas desde meados da década de 1930 até o final da década de 1970 durante cerimônias de culto aos Orixás na cidade de Salvador da Bahia, no Benin e no Haiti. Este conjunto inclui não somente as cenas dos rituais que Verger presenciou, como também os objetos de culto e os instrumentos musicais, também sagrados. Três fotografias feitas em 1936 em Abomey, no Benin, registram detalhes de alguns dos baixo-relevos que integram a fachada do complexo dos Palácios Reais de Abomey. Construídos pelos povos Fon entre meados do século XVII e finais do século XIX, foram designados pela Unesco em 1985 como Patrimônio da Humanidade. Animais míticos esculpidos nas paredes de argila simbolizavam as características dos reis e suas qualidades como governantes, fazendo da arquitetura também um memorial. Além das fotografias de Verger, poderão ser vistos na exposição os desenhos originais de Carybé que foram produzidos para o livro.

 

Grande clássico da mitologia dos deuses africanos, “Lendas Africanas dos Orixás” é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana. O livro traz um compilado de lendas, cuidadosamente coletadas por Verger em 17 anos de sucessivas viagens pela África Ocidental, desde 1948, período em que se tornou Babalaô (1950) e quando recebeu do seu mestre Oluô o nome de Fatumbi. Todas essas lendas foram anotadas por Verger a partir das narrativas dos adivinhos babalaôs africanos. O livro foi publicado pela primeira vez em 1985 pela editora Corrupio. Esta nova edição, em capa dura, apresenta como novidades o texto do prefácio assinado por Reginaldo Prandi além de um aplicativo para smartphones que permite ouvir as narrações de todas as lendas do livro feitas por Vovó Cici.

 

No sábado seguinte à abertura, no dia 14 de setembro, Vovó Cici estará presente para narrar essas e outras lendas da cultura dos cultos aos deuses africanos. Vovó Cici é Nancy de Souza, Ebome do Ilê Axé Opô Aganju e contadora de histórias da Fundação Pierre Verger.

 

A exposição na Galeria Marcelo Guarnieri marca o lançamento do livro em São Paulo. “Lendas Africanas dos Orixás” foi lançado apenas na Bahia, em agosto, durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ, no Centro Histórico de Salvador. Em 14 de setembro o livro será lançado no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa.

 

Sobre o artista

 

Pierre Verger – 1902 – Paris, França – 1996 – Salvador, Bahia. Além de fotógrafo, Pierre Verger era também etnólogo, antropólogo e pesquisador. Durante grande parte de sua vida, esteve profundamente envolvido com as culturas afro-brasileiras e diaspóricas, direcionando uma especial atenção aos aspectos religiosos, como os cultos aos Orixás e aos Voduns. Antes de chegar à Bahia, no Brasil, em 1946, Verger trabalhou por quase quatorze anos viajando pelo mundo como fotógrafo, negociando suas imagens com jornais, agências e centros de pesquisa, e em Paris, mantinha ligações com os surrealistas e antropólogos do Museu do Trocadéro. Nos quatro anos que antecederam sua chegada, passou pela Argentina e pelo Peru, trabalhando por um tempo no Museo Nacional de Lima. Ao chegar no Brasil, colaborou com a revista O Cruzeiro e em Salvador, onde foi viver, pôde registrar, de uma maneira muito particular, o cotidiano de uma cidade essencialmente marcada pela cultura da África Ocidental. Seu fascínio por aquilo ou por aqueles que fotografava ia além da imagem, havia um interesse pelo contexto, suas histórias e tradições, algo que pode ser notado não só em seu trabalho com a fotografia, mas também com a pesquisa. Pierre Verger integra-se de tal maneira à Bahia e sua cultura que em 1951 passa a exercer a função de ogã no terreiro Opô Afonjá de Salvador e no Benin, África, torna-se babalaô.

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