Yhuri Cruz (1991, Rio de Janeiro) foi um dos seis selecionados na oitava edição do Prêmio FOCO ArtRio, junto com Gê Viana, Laryssa Machada, Mônica Ventura, Rose Afefé e Uyra. Artista visual, escritor e dramaturgo, ele desenvolve sua prática artística e literária a partir de criações textuais que envolvem ficções históricas e proposições performativas e instalativas em coletivo.
“Acho que um resumo da minha pesquisa pode ser como transformar a palavra em ação. Tenho trabalhos que lidam com escrita, mas muitos outros que lidam com a tradução de uma escrita em performance, em dramaturgia, em convites a amigos e amigas, atores e atrizes para habitar comigo em um espaço de ficção e ação. E vou habitando, compondo esses espaços ficcionais com objetos e esculturas, desenhos. Mas eu sou interessado em história e ação”, explica.
No estande do Prêmio FOCO da ArtRio, Yhuri Cruz apresentou duas obras. A primeira foi “Jongo & Adriano: Uma Fotonovela. Capítulos 1,2 e 3”, de 2022. A obra integrou a coletiva “Um defeito de cor”, no Museu de Arte do Rio e foi publicada na revista de fotografia “Zum”, editada pelo Instituto Moreira Salles (IMS).
“É uma fotonovela baseada em dois personagens secundários do livro “Um Defeito de Cor”, da Ana Maria Gonçalves. Como eu me apaixono muito por eles, eu resolvi escrever um spin-off, um tipo de história paralela para eles, antes dos dois chegarem no livro de fato. E Jongo e Adriano são um casal homossexual, de homens negros, que estão em fuga, em busca da sua liberdade. Tanto de existir quanto uma liberdade de amar também”.
O segundo trabalho é o vídeo “Revenguê: a sétima cena de Pretofagia”, 2023, nome de sua individual que encerrou no dia 1º de outubro, também no Museu de Arte do Rio. “Eu trouxe um vídeo editado da cena da performance, que acontece dentro dessa exposição. E é muito especial, porque sou eu e a Pretofagia, que é o meu grupo de encenação, minha pesquisa dramatúrgica, mostrando que o campo das artes visuais pode ser menos estático do que a gente imagina e as ficções podem dançar também”.
Como premiação do FOCO, o artista vai participar de uma residência artística no Irê – Arte, praia e pesquisa, na Bahia. “Estou muito animado. A Rebecca Carapiá, gestora do Irê, é uma super amiga. E planejo fazer a minha segunda fotonovela em Salvador, ainda à procura de uma história para contar!”, completa.
Sobre o artista
Yhuri Cruz é artista visual, escritor e dramaturgo graduado em Ciência Política (UNIRIO) e pós-graduado em Jornalismo cultural (UERJ). Sua pesquisa aborda problemáticas dos sistemas de poder, habitando a crítica institucional e discutindo relações de opressão, resgates histórico-subjetivos e violências sociais reprimidas, mas também pela fabulação crítica e a fantasia. Foi indicado ao Prêmio PIPA em 2019 e, no mesmo ano, realizou “Pretofagia”, sua primeira individual no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro. Em 2019 foi ganhador do Prêmio Reynaldo Roels com a instalação Pública “O Cavalo é Levante: Monumento a Oxalá e aos trabalhadores”. Tem seus trabalhos em coleções públicas e privadas.