Com mais de trinta anos de carreira, foi nos últimos dez anos que Renato Valle desenvolveu projetos em pintura, fotografia, gravura, desenho, objetos e esculturas. Agora, o artista exibe “Escritos sobre pinturas ruins”, primeiro trabalho de Renato Valle realizado, de forma sistemática, fora de uma residência em instituição nessa última década. Em cartaz na Dumaresq Galeria de Arte, Boa Viagem, Recife, PE, essa produção diversificada foi realizada em residências artísticas com apoio de diversas instituições.
Anteriormente a essa pesquisa o desenho foi o foco principal dos trabalhos que Renato Valle realizou. Além disso, produziu algumas dezenas de pinturas em atelier, porém o grande envolvimento com propostas específicas como as séries “Grades de Caminhões”, “Cristos Anônimos” e “DIÁLOGOS”, fez com que muitas dessas telas fossem feitas de maneira esporádica, sem sistematização, surgindo quase sempre como necessidade de exercitar a cor ou por alguma encomenda. O grau de envolvimento de Renato Valle com uma obra ou uma série sempre foi fator decisivo para a qualidade do seu trabalho e a pressão de galeristas e arquitetos para fazer algo que estava distante dos processos desenvolvidos nas suas pesquisas, torna claro que a sua retomada da pintura deveria vir através de um projeto específico.
Foi a partir de um dano que ocorreu na última tela encomendada por uma galeria que o artista decidiu fazer uma revisão biográfica do seu trabalho intervindo com escritos sobre telas de vários períodos. Observar o que o leva a não se reconhecer (total ou parcialmente) em determinadas obras, refletir sobre essas questões, escrever sobre essas pinturas sempre considerando tamanho e tipo de letra, cor, teor dos textos e composição, como elementos da própria pintura, preenchendo ou a tela inteira ou determinados espaços de acordo com a problemática específica de cada trabalho, foi o caminho que o artista encontrou para a retomada da sua obra pictórica.
Para tanto, contou com o apoio fundamental do FUNCULTURA, da produtora cultural Viviane da Fonte Neves e, mesmo fora das instituições, o artista trabalhou por quase um ano no atelier do amigo e colega Gil Vicente, que cedeu o espaço e acompanhou o processo desde a sua concepção. As quinze telas que serviram de suporte para esta série tinham sido realizadas entre 1981 e 2010 – algumas recolhidas do seu acervo e outras da galeria que as comercializa.
Até 31 de janeiro de 2012.