Com a abertura da exposição “Rio Setecentista, quando o Rio virou capital”, o MAR, Museu de
Arte do Rio, comemora os 450 anos de fundação da cidade “…propondo um trajeto visual para
adentrar esse século de sua história” com obras de José Leandro de Carvalho, Mestre
Valentim, Johann Moritz Rugendas, Carlos Julião, Nicolas Taunay, Agostinho de Santa Maria,
André Thevet, Joaquim José da Silva Xavier, René Duguay-Trouin e Jean Baptiste Debret. A
curadoria do evento é de Miryan Andrade Ribeiro, Ana Maria Monteiro de Carvalho,
Margareth Pereira e Paulo Herkenhoff.
Rio Setecentista, quando o Rio virou capital
No século XVIII, o Rio de Janeiro torna-se capital do Vice-reino do Brasil e efetivamente se
transforma na grande cidade que conhecemos: área de encontro entre cultura e comércio,
polo de urbanidade e símbolo privilegiado de brasilidade frente ao mundo. Com a exposição
Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, o MAR comemora os 450 anos de fundação da
cidade propondo um trajeto visual para adentrar esse século de sua história.
Do Rio setecentista, do Rio do ouro, do barroco e rococó, dos escravos do Valongo e do Paço
dos Vice-reis restam sobrevivências. O que desse Rio foi destruído, o que é herança ingrata?
Certamente foi no século XVIII que o Rio assegurou sua fama estética. A cidade maravilhosa
une beleza natural a beleza urbana, ideia recorrente em propagandas, propostas políticas ou
mesmo críticas. Também naquele momento, a população negra expandiu-se, ainda que
sempre à margem, e os índios, tão importantes na luta pela posse e fundação da cidade junto
aos portugueses, simplesmente desapareceram do registro do desenvolvimento carioca.
O encontro da cidade com o poder público é um dos aspectos mais fortes de sua história
setecentista: capital por quase 200 anos, o Rio percebeu o envolvimento do poder com o
dinheiro, com a religião, com a cultura e com a exclusão social. Deixamos de ter vice-reis ou
eles apenas mudaram de nome? Mais de um século após a abolição, estamos livres das
sombras da escravidão? Essas são perguntas que esta exposição não permite calar,
questionando qualquer pretensão a uma ordem natural das coisas. O Rio de Janeiro é um lugar
privilegiado por natureza, mas é também reflexo de sua complexa e contraditória história.
Carlos Antônio Gradim (Diretor-Presidente do Instituto Odeon)
A partir de 07 de julho.