O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, passará a contar com uma sala constantemente dedicada a recortes da produção da artista que o empresta o nome. A série de exposições buscará renovadas análises, interpretações e possíveis arranjos expositivos das obras desses 60 anos de produção de Tomie Ohtake.
Para dar início a esse projeto, “Tomie Ohtake – Litogravuras”, curada por Agnaldo Farias e Paulo Miyada (Núcleo de Pesquisa e Curadoria), destaca o trabalho da artista na técnica que ela explorou durante poucos anos de sua carreira, no início da década de 1970, intercalando com a experimentação em serigrafia.
Ainda que na trajetória de Tomie a pintura tenha lugar de destaque por sua grande produção e constante renovação, a gravura tem sido uma constante na pesquisa da artista, que, com litogravuras, participou de duas importantes mostras que discutiram a técnica e seus métodos de impressão. Grafica D’Oggi, 1972, na ocasião da 36ª Bienal de Veneza e Bienal de Gravura de Tóquio, 1974/1978 contaram com conjuntos de gravura notáveis pela riqueza gráfica, pelo emprego inusual das cores e pela combinação de formas e texturas idiossincráticas.
Na presente exposição, essas gravuras foram reunidas e apresentadas junto aos estudos feitos pela artista para desenvolvê-las. Assim, alarga-se o campo de reflexão aberto na exposição “Influxos da Forma”, de 2013, primeira mostra pública dos processos criativos da artista. Entre estudos, projetos e resultados, estão a materialidade bruta da pedra de gravação e a contribuição do técnico gravador. Além desses resultados, estão os aprendizados e provocações que Tomie Ohtake leva da prática com a gravura para suas pinturas. Fica claro o compromisso com o projeto, a apropriação sutil de texturas e cores selecionadas em revistas e papéis coloridos e a delicadeza necessária para transpor para o papel da gravura as composições encontradas nas colagens de forma fluida e orgânica.
O público notará que a litogravura de Tomie Ohtake aproveita-se de todo o repertório gráfico disponível nessa técnica, que durante décadas foi vastamente explorada como método de reprodução em larga escala – criando soluções para abrandar as marcas das pedras, afinar acertos de registro e preparações cromáticas.
Até 11 de maio.