SAMICO inaugura exposição individual na Galeria Estação, Pinheiros, São paulo, SP. O artista apresenta 16 de suas raras xilogravuras, realizadas de 1992 a 2011, e duas matrizes entintadas para que o público aprecie seu apurado processo de trabalho. Criador de uma obra singular, Gilvan Samico no entalhe da madeira faz multiplicar reinados humanos e animais, oníricas composições que, desdobradas em séries de xilogravuras, solidifcaram sua imagem como um dos grandes mestres da arte brasileira.
Com sua obra produzida em sua casa ateliê em Olinda, o integrante do Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna, destaca-se ainda no panorama da gravura por ser um dos raros artistas que desenha, grava e imprimi manualmente seu trabalho. “Sonho, delírio e poesia”, como definiu Ferreira Gullar a obra do gravador, são construídos com tamanho rigor técnico que cada cor para ser impressa em apenas um exemplar leva não menos de duas horas. Personagens bíblicos ou provenientes de lendas e narrativas regionais, assim como animais fantásticos e míticos, marcam a produção do artista na qual a erudição provém da cultura popular.
Para Weydson Barros Leal, que escreve o texto do catálogo da exposição, as imagens criadas por Samico, minuciosamente gravadas, …”são registros de um mundo particular que ao mesmo tempo é íntimo e universal, e por isso também humano” e mais adiante, completa: “Esse humanismo refletido em símbolos e figuras, será mais claro ou menos distante para aqueles que o reconhecerem com o pensamento sensível, muito antes do mero arcabouço erudito (…) erudição depositada em cada traço do desenho, escondida sob a tinta preta ou nas cores que se abrem como frases sublinhadas para clarear um sentido”.
O artista
Gilvan Samico, nasceu em 1928, Recife, PE, fundou em 1952 juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife – SAMR, idealizado por Abelardo da Hora. Em 1957 estuda xilogravura com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, e, no ano seguinte com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1965, fixa residência em Olinda. Leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba – UFPA. Em 1968, com o prêmio viagem ao exterior obtido no 17º Salão Nacional de Arte Moderna, permanece por dois anos na Europa. Em 1971, é convidado por Ariano Suassuna a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular nordestina e à literatura de cordel.
De 26 de junho a 31 de agosto.
Este sim é um artista com um legado perdeu toda a familia em uma guerra e irá viver eternamente devido a sua arte. Parab´nes.