Um dos fundadores do prestigiado coletivo “Bijari”, Sando Akel segue carreira solo há alguns anos. Desde que realizou essa guinada, seu trabalho ganhou vigor e vem redefinindo de forma singular a arte pop urbana brasileira. Nesta que é sua segunda exposição no Espaço Sala, Centro, São Paulo, SP, intitulada “Encaixotado”, o artista mantêm a estética característica de suas criações, mas passa a flertar mais com o desenho, com a questão pictórica, como define o cenógrafo e artista plástico Zé Carratu, curador da mostra. Serão apresentados cerca de 20 trabalhos, todos realizados entre 2011 e 2012.
Sandro Akel sempre esteve muito ligado às questões da cidade. Em suas inúmeras viagens, principalmente pelo exterior, o artista buscou se alimentar com a estética do lugar visitado. A relação com os lambe-lambes, uma espécie de ícone do meio urbano e o principal identificador de sua obra, nasceu num desses encontros com a urbe. Segundo Akel, foi em Berlim, na Alemanha, que ele percebeu a força de um lambe-lambe como meio de comunicação. O que interessa ao artista é o design desses pedaços de papel que informam a população sobre os mais diversos eventos.
Assim como outras capitais, Berlim possui quilômetros de lambe-lambes espalhados pelas ruas. Sua função se limita ao tempo em que a atração anunciada está em cartaz. Depois disso, não tem mais valor e acaba sobreposto por outro. É nesse ponto que o artista gosta de retirá-los da parede, às vezes em camadas bem grossas, com mais de dez colados uns sobre os outros.
Os lambe-lambes eram recortados e colados numa superfície de madeira para, em seguida, receberem uma camada de parafina, outra marca de sua obra. Na exposição atual, “Encaixotado”, eles tornam-se suporte para o uso da tinta. Para o artista, o uso da tinta se faz mais presente. “Desde criança, sempre fui muito ligado ao desenho. Esse é o meu fio condutor com a arte e volto a explorá-lo agora em meus trabalhos, já que nunca deixei de desenhar”, comenta.
No coração de São Paulo, o Espaço Sala consiste em um apartamento de quase 300 m2 localizado em prédio projetado no início século XX pelo arquiteto Ramos de Azevedo, com vista para o Vale do Anhangabaú. Já recebeu mostras como a individual “Tabu”, do catarinense Davi Escobar, “Renato De Cara(s) – Cadernos, Fotografias e Objetos – + de 30 anos de apropriações”, individual do fotógrafo e galerista Renato de Cara, “Deslocamento”, do próprio Sandro Akel, entre outras exposições.
Até 20 de dezembro.