Quem é carioca ou costuma passear pela cidade com certeza já prestou atenção em algum desenho de Toz (Tomaz Viana), dono do traçado que mais se vê no Rio de Janeiro, que desde os anos 90, alegra e enfeita as paredes e muros através de sua arte cheia de cores. O artista é representado pela Galeria Movimento e já conquistou uma série de colecionadores, que hoje, devido à consagração do grafite como obra de arte, desejam os traços do movimento em suas paredes. Na virada para o século XXI, a cultura hip hop e os skatistas fortaleceram um tipo de tribo urbana capaz de criar um repertório para estes desenhos feitos com spray. Surgiu então uma poderosa geração de grafiteiros, que tem em Toz um de seus trunfos.
Apreciador de craques como Carlos Vergara, Waltércio Caldas, Bispo do Rosário, Luiz Zerbini, entre outros grandes, Toz, aos 36 anos, produziu em janeiro seu maior mural de grafite, de 2.100 metros quadrados, 30 metros de altura e 70 metros de largura. O artista usou 1.500 latas de tinta no painel que fica na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Os holofotes aos trabalhos de Toz vieram com o talento do artista e seu grande parceiro e galerista Ricardo Kimaid. Esta trajetória de sucesso será contada no Livro “TOZ, TRAÇO E TRAJETÓRIA”, produzido de forma independente pelos dois amigos, para celebrar a e contar a história da arte de Toz. O livro, assinado pelo designer Marcelus Viana, tem texto de Toz e Ricardo e conta a história dos emblemáticos personagens através de uma seleção cronológica de telas representativas dos últimos cinco anos. O lançamento acontecerá na Galeria Movimento, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. “A idéia é que o público perceba e acompanhe a evolução do trabalho do artista, desde quando ele deixava sua marca nos muros da cidade até hoje, onde ele é convidado para os principais eventos de grafite do mundo”, conta Ricardo Kimaid.
Sobre o artista
Baiano, que veio para o Rio ainda adolescente, Toz inventou uma família de personagens misturando referências quase universais do grafite – a animação e os mangás japoneses – com seu mundo particular. No trabalho que sai das ruas para ganhar vida em telas, desenhos e objetos, ficam mais claras as referências às estamparias de tecidos populares no Mercado Modelo e à profusão de cores da Baixa do Sapateiro de sua infância em Salvador. Um americano, segundo marido de sua avó, o levava para pescaria e lhe explicava tudo sobre lulas e polvos. Este avô gringo e marítimo, quase um pirata, encheu seus personagens de memórias aquáticas: eles exploram o mundo em navios e caravelas e se transformam em seres vindos da água salgada. Nina, a mocinha linda e flutuante, mas melancólica e eternamente insatisfeita, frequentemente ganha uma cauda de sereia, traduzindo o mistério que as mulheres representam para o sexo oposto. Homem que não quer crescer ou neném com insights de ancião? O BB Idoso pode ser uma coisa ou outra, mas traduz de forma quase arquetípica uma geração com complexo de Peter Pan, que demorou a sair da barra da saia da mãe. Shimu, o mostro-ameba criado para atender à rapidez do spray, virou marca registrada da alegria e da esperança dentro da Família Toz, que se completa com o amigo-urso Julius e o esquentado Romeu. O personagem Insônia surgiu quando Toz se separou e começou a frequentar mais a noite. O Vendedor de Alegria, foi inspirado nos vendedores que vão pelas ruas com bolas coloridas.
Lançamento: 26 de março.