Na exposição “TRANS”, individual de Victor Arruda na Artur Fidalgo galeria, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, serão exibidas onze pinturas realizadas entre 2014 e 2015. Victor Arruda retrabalha algumas das imagens mais recorrentes em sua produção desde a década de 70, motivado por seu interesse pela psicanálise.
Segundo o artista: “Escolhi o título “TRANS” porque tem tudo a ver com minha ATITUDE e com palavras e/ou CONCEITOS que muito me interessam no momento: TRANSVALORAÇÃO, TRANSVIAR. TRANSVERSAL, TRANSPOR, TRANSPARÊNCIA, TRANSMISSÃO, e – last but not least – TRANSVANGUARDA & TRANSGÊNERO…”.
A palavra do artista
Venho há algum tempo refletindo a respeito das imagens recorrentes em meu trabalho. Objetos, (revólver, chave, buraco de fechadura, cigarro, faca, sapatos, maços de dinheiro, etc) partes de corpos que surgem, muitas vezes desconectados, decepados (olho, seio, pênis, cabeça, mão, braço, o coração “anatômico”…), situações envolvendo sexo e abuso de poder financeiro (como nas pinturas “Salário Mais Justo”, “Dr. Jorginho”, “As Vítimas (que se fodam)” ou atitudes hipócritas (tanto nas questões pessoais “O Anjo de Irajá”, “O homófobo Ingênuo”, como sociais ” Cena Carioca”). Sem falar dos “abismos”, série em que as repetições reafirmam o sentido das obras. Tenho pensado muito a respeito de como e por que razão volto aos mesmos signos, às mesmas cenas, situações… Seriam fixações neurótica e/ou tentativas – inconscientes – de escapar delas? Há uma teoria – freudiana – sobre sonhos recorrentes em pessoas que sofreram grandes traumas. Talvez algo semelhante ocorra na arte (pelo menos no caso de alguns artistas, como eu…). Mesmo que em situações muito menos graves – mas sérias o suficiente para causar perturbações.
Sou um artista contemporâneo e minha produção está ligada não apenas ao conhecimento da história da arte, que é o meu principal interesse intelectual, mas também à psicanálise. Faço análise psicanalítica há muitos, muitos anos, e também leio bastante a respeito. Tenho assistido, como ouvinte, a muitos cursos e palestras, e alguns psicanalistas têm escrito textos sobre minhas pinturas, etc.
Essa PERMEABILIDADE tem sido importante e fértil para mim, e é nela que me apoio para aprofundar minha curiosidade a respeito das repetições obsessivas que percebo em meu trabalho. É por acreditar profundamente que esse constante retorno tem influenciado no meu processo de amadurecimento e de transformação que resolvi criar esta nova série de pinturas, onde as imagens se repetem, mais uma e outra vez, iguais ou como se vistas em seu próprio espelho. No meu próprio espelho (de Alice, obviamente). E, espero, se reflitam no espelho próprio de cada um que as olhe.
De 11 de novembro a 11 de dezembro.