Após quase 30 dias de portas fechadas, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, reabre suas portas no dia 20 de junho, com entrada gratuita até o final de julho.
“Iberê e o MARGS” – uma exposição conjunta durante a maior catástrofe ambiental do RS
Em uma parceria inédita, a Fundação Iberê Camargo e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul inauguram, na FIC, no dia 27 de julho, a exposição “Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros”. Com curadoria de Francisco Dalcol e Gustavo Possamai, a mostra apresentará mais de oitenta obras do artista pertencentes aos acervos das duas instituições. O título foi inspirado em um dos mais importantes eventos no MARGS relacionados ao artista: a mostra “Iberê Camargo: trajetória e encontros”, realizada em 1985. Ela se deu no lastro das comemorações de seus 70 anos, que incluíram uma retrospectiva apresentada pelo próprio MARGS em 1984 e o lançamento do livro Iberê Camargo em 1985, considerado ainda hoje uma das mais completas publicações de referência sobre o artista.
No MARGS, Iberê ganhou mostras individuais, participou de inúmeras exposições coletivas e ministrou cursos. Teve também o ingresso de outras obras suas no acervo por meio de compra, transferências e doações, além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no MARGS que ocorreu sua despedida, com o velório público que teve lugar nas Pinacotecas, o espaço mais nobre e solene do Museu.
Além de trazer novos sentidos a esta exposição, o trágico contexto do Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público de Iberê Camargo, um crítico ferrenho dos governantes pelo descuido irresponsável com a natureza. “Entendemos que a exposição não poderia ocorrer em uma espécie de vácuo factual e histórico, sem situá-la no momento e na realidade em que nos encontramos. Assim, a mostra nos permite refletir sobre esses temas através da perspectiva de Iberê, que sempre criticou veementemente a negligência com a natureza, diante dos processos de dominação e destruição ambiental. É pelo olhar dele que podemos renovar o apelo, em nome das instituições de memória e enquanto sociedade, a um compromisso definitivo com a preservação da arte e do meio ambiente”, comentam os curadores.