O Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, PR, apresenta a mostra “Valdir Cruz: IMAGO – o olhar do sabiá”. Vivendo em Nova Iorque desde 1978, o artista expõe agora em Curitiba o resultado de um trabalho desenvolvido ao longo de mais de 30 anos no Estado do Paraná. A exposição, produzida pelo MON, ocupa a sala 7. Com curadoria de Rubens Fernandes Junior, a exposição apresenta 80 imagens, divididas em três temas: Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (1991 a 1993), com 30 obras; O caminho das águas (1994 a 2005), com 14 fotografias, e o ensaio Guarapuava (1982 até 2011), composto por 36 fotos da cidade, sobre este último, o fotógrafo comenta: “Foi um projeto de vida. Trinta anos de fotografia, que resultou em um total de mais de 5 mil negativos”.
A exposição apresenta o trabalho de um dos mais respeitados fotógrafos em âmbito internacional. “Para o Museu Oscar Niemeyer, realizar esta mostra de Valdir Cruz, reconhecido pelo altíssimo nível do acabamento do seu trabalho que faz com que o preto e o branco possam revelar um espectro de cores tão ou mais completo que qualquer imagem colorida, demonstra o empenho com que trabalhamos para trazer ao público o que de mais importante acontece na esfera das artes visuais no mundo, ainda com orgulho por se tratar de um artista paranaense”, ressalta a diretora-presidente do MON Juliana Vosnika.
“Os três ensaios aqui reunidos pela primeira vez denotam não apenas a importância da produção fotográfica de Valdir Cruz, mas, principalmente, resgatam sua presença no cenário das artes visuais do Estado do Paraná, depois de 25 anos sem expor em Curitiba. Cada uma das fotografias aqui exibidas tem uma história particular. São evocativas e de uma beleza sublime. Seu olhar não apenas investiga e documenta, mas se evidencia sua emoção naquele espaço territorial que abrigou as primeiras investigações e experimentações com a fotografia”, pontua o curador.
O projeto da Catedral Basílica Nossa Senhora da Luz dos Pinhais foi feito todo em fotografia de grande formato, ou seja, chapas em negativo de 18 x 24 cm. “A ideia era trabalhar a luz de um ano sobre a catedral. Era o pensamento de que o desenho arquitetônico da catedral em um determinado momento do ano iria me oferecer luz natural internamente onde fosse necessário, e assim aconteceu”, diz o fotógrafo.
Também o equipamento utilizado para fotografar e a técnica de impressão das cópias celebram a fotografia. O centenário da catedral ocorreu em 1993. A coleção foi exposta em Nova Iorque – CathedralSt John ofDivine (1994) – na Capela de StBonifacio, no Museu de Arte de São Paulo – MASP (1996), e em Curitiba pela primeira vez, nesta mostra no Museu Oscar Niemeyer.
“O que caracteriza os ensaios de Valdir Cruz é seu trabalho bastante singular nos dias de hoje, registrado em chapas de grande formato e seus sofisticados processos de impressão – gelatina de prata, platina e paládio, impressão digital com tinta mineral de longa permanência. Além disso, o desenvolvimento desses ensaios exigiu, à exceção do ensaio da Catedral, grandes deslocamentos e um tempo muito diferente da vida acelerada do nosso cotidiano”, ressalta o curador Rubens Fernandes Junior.
O caminho das águas se concretizou após uma extensa pesquisa sobre as quedas d’água no Paraná entre os anos de 1994 – 2005. Também em formato grande chapas, em negativo, no tamanho de 10 x 12 cm.
O curador complementa: ”Valdir Cruz sempre se manteve ligado às suas raízes: o ensaio sobre a Catedral é um importante documento sobre a edificação, o desenho das luzes no seu interior e, acima de tudo, um testemunho de fé; o ensaio sobre as Águas mostra a exuberância das quedas d’águas e das cachoeiras, bem como a diversidade da paisagem do interior do Paraná; e o ensaio Guarapuava é um verdadeiro testemunho visual, autobiográfico e com alguma nostalgia do filho pródigo”.
Um dos procedimentos adotados pelo artista, de acordo ainda com o curador, que revela um diferencial, é o acompanhamento de todas as etapas da realização da imagem, controles técnicos necessários para garantir a qualidade capaz de surpreender mesmo os olhares mais desatentos. Depois de revelado o negativo é escaneado em alta resolução para depois ser impresso, ampliado e digitalizado, com vários pigmentos (cinzas e pretos) que criam uma atmosfera diferenciada.
“O trabalho de Valdir Cruz é singular, pois não só encanta como surpreende pela maestria artística conseguida a partir de temas muitas vezes simples, mas que o artista retrata com sensibilidade única e indescritível. Para o Governo do Estado do Paraná e o Museu Oscar Niemeyer, trazer essa exposição de Valdir Cruz, elaborada ao longo de 30 anos de sua carreira, é, além de uma honra, uma oportunidade ímpar, um verdadeiro brinde à nossa população, que terá a chance de travar esse contato tão direto com o trabalho do artista”, comenta o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani.
Sobre o artista
Valdir Cruz nasceu em Guarapuava, no sul do Paraná, em 1954. Embora esteja vivendo nos Estados Unidos há mais de 30 anos, o principal foco de seu trabalho em fotografia é o povo e a paisagem do Brasil. De 1995 a 2000, concentrou-se em Faces da Floresta, projeto que documentou a vida dos povos indígenas do norte da Amazônia brasileira e que lhe valeu, em 1996, uma bolsa da Fundação Guggenheim. Seu trabalho está presente nas coleções permanentes do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Museum of Modern Art (MoMA), de Nova Iorque, Museum of Fine Arts, de Houston, e do Smithsonian Institute, em Washington, D.C., entre outras. Valdir Cruz divide seu tempo entre seus estúdios em Nova Iorque e São Paulo.Publicou os seguintes livros: Guarapuava (São Paulo, Terra Virgem Edições, 2013), patrocínio Banco Mizuho do Brasil S.A. e Caminhos do Paraná S.A.; Bonito: Confins do Novo Mundo (Rio de Janeiro, Capivara Editora, 2010), patrocínio BNP Pariba; Raízes: Árvores na paisagem do Estado de São Paulo (São Paulo, Imprensa Oficial, 2010); O caminho das águas (São Paulo. Cosac Naify, 2007), patrocínio Fundação Stickel; Carnaval, Salvador, Bahia 1995-2005 (Nova Iorque, Throckmorton Fine Art, 2005); Faces da Floresta: Os Yanomami (São Paulo, Cosac Naify, 2004); Faces of the rainforest: The Yanomami (Nova Iorque, power House, 2002), apoio Fundação Guggenheim; Faces of the rainforest (Nova Iorque, Throckmorton Fine Art, 1997); Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Nova Iorque, Brave Wolf Publishing, 1996), apoio Associação Cultural Avelino A. Vieira – Bamerindus.
Até dia 04 de dezembro.