Olá, visitante

AGENDA CULTURAL

Vera Chaves Barcellos no Paço Imperial

Fotografias, manipulações e apropriações

 

O Centro Cultural Paço Imperial – RJ em parceria com a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura em 16 de março, “Fotografias, manipulações e apropriações”, exposição individual fotográfica da artista Vera Chaves Barcellos, importante nome da arte contemporânea brasileira. A seleção de trabalhos, feita pela própria artista, abrange um recorte temporal de mais de quatro décadas de sua produção criativa, ancorada na utilização estética, crítica e reflexiva da imagem fotográfica. O público poderá conferir séries sequenciais de imagens que instigam a percepção do espectador para um exercício de visualidade mais amplo, sistêmico e crítico. A exposição apresenta obras representativas dos diversos modos de utilização do emprego da cor e da imagem fotográfica – entre manipulações e apropriações – experimentados pela artista desde os anos 1970 até a atualidade. Assim, simples registros fotográficos – ora exibidos como tal, ora manipulados – imagens coletadas da mídia impressa, televisiva e da internet, geram séries que, expandidas e reconsideradas pelo pensamento visual da artista, originam e estimulam ângulos inéditos de relacionamento com a fotografia.

 

 
Vera Chaves Barcellos Fotografias, manipulações e apropriações

Por Claudia Giannetti

 

A exposição monográfica de Vera Chaves Barcellos exibe, por primeira vez no Rio de Janeiro, um amplo panorama da obra da artista gaúcha com e em fotografia. Vinte trabalhos, desde 1975, cobrem quatro décadas de criação, nos quais convivem dois tipos de produção: obras híbridas (fotografias manipuladas e imagens apropriadas de registros da mídia) e fotografias autorais. A linguagem serial, amplamente explorada, desencadeia múltiplas associações imagéticas e narrativas.

 

Seis eixos temáticos principais estabelecem diálogos temporais e nexos conceptuais e formais entre as obras. Gestos: “Do aberto e do fechado”, “O grito”, “L’ Intervallo Perduto” e “The Birds”. Expressões faciais e gesticulações comunicam emoções e estados ricos em significados, que, descontextualizados, podem transitar da eloquência para o silêncio. Heróis anônimos: “Os Nadadores”, “Menexéne” e “O Peito do Héroi”. Os desportistas, os prisioneiros e os mitos personificam condições e valores socioculturais e políticos. As intervenções nas imagens reais, apropriadas da mídia, apagam suas identidades, como também acontece com nossas histórias e memória. Despojos: “Manequins de Düsseldorf” e “Caixotes em três tempos”. Os motivos insólitos das fotografias, encontrados por acaso, vinculam a noção de despojamento com a alusão ironica à nossa cultura do consumo e da uniformização. (Des)construções: “Fata Morgana”, “Letrados” e “Casasubu”. Nas sequências fotográficas, a primeira explora superposições gradativas de suas partes e as outras documentam insólitas fachadas frontais de edificações, sendo que na última as manipulações criam simulacros inexistentes na realidade. Retratos: “Meus pés”, “Auto-retrato”, “A filha de Godiva”, “Cão veneziano” e “Retrato”. Para a construção de figuras identitárias, sejam estas as de um carro, uma pessoa ou um animal, a artista recorre a ópticas singulares. Arte sobre arte: “As you like”, “Jogo de damas” e “Zócalo”. As reflexões acerca da arte, características do seu trabalho, ironizam sobre a arbitrariedade dos critérios de valor na arte e questionam os esteticismos de certos tipos de pintura.

 

Ao entender o ato fotográfico como processo e a fotografia como um campo de possibilidades e uma linguagem a transgredir, Vera Chaves Barcellos avançou no tempo e levou à prática as noções hoje tão em voga de pós-fotografia e meta-fotografia.

 

 
De 16 de março a 21 de maio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sua mensagem foi enviada com sucesso!