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AGENDA CULTURAL

Vergara em Paris

Em co-produção com MdM Gallery, Paris, França, em parceria com YIA Art Fair fora das paredes, o pintor Carlos Vergara exibe na igreja de Paris Saint-Gervais, 4º arrondissement, trabalhos inéditos da série mortalha já apresentada no Museu de Arte Contemporânea de Niterói e no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Brasília. Conforme explica o artista, “…tudo começa em 1970, com uma vontade irresistível de olhar para fora da oficina e produzir um trabalho que seria o resultado do acaso e da colisão com o desconhecido.”

 

Desde então, percorrendo diversos lugares, Vergara vem realizando obras (site-specific) na Capadócia, Turquestão, Pompéia e em cidades do interior do Brasil. Não se limitando a visão documentária, o artista tenta capturar o invisível no visível de cada lugar. Juntamente com fotografias, vídeos e esculturas, produz monotipias – estampas exclusivas tecidos estampados – a partir de contato com os restos de terra (lençóis, redes, palha …).

 

O convite para expor na Capela de St. Lawrence, no lado esquerdo da nave em Saint-Gervais, imediatamente lembrou Vergara sua série de obras em 2008 na missão jesuíta de mesmo nome. Localizado na histórica região de Sete Povos, no Rio Grande do Sul. A missão de São Lourenço se desenvolveu a partir do final de 17 a início do século 18 um modelo singular de convivência entre os sacerdotes e indios com base na ausência da propriedade privada e da catequese transmitida através da música. Trabalhando na construção dos edifícios previstos pelos missionários, foram dadas carta branca aos nativos para reinterpretar a doutrina católica através dos ornamentos arquitetônicos.

 

“Eu achei interessante trazer essa atmosfera do sul do Brasil dentro da capela parisiense de St. Lawrence,” disse ao artista que retornou recentemente a São Lourenço para criar uma nova série original para Exposição da igreja de St. Gervais. Uma dessas novas obras é uma instalação que representa uma cruz missioneira, a cruz de origem espanhola retrabalhada com o fio de lã. Símbolo da experiência entre jesuítas e índios guaranis, a cruz missioneira de Vergara foi por outro caminho, de volta ao Velho Mundo.

 

Sudário, os antigos lenços nome usado por viajantes para enxugar o suor, é uma metáfora para o processo criativo de Carlos Vergara nos lugares por onde passou. O título da exposição ganha uma segunda direção neste espaço religioso.

 

 

 

 Sobre o artista

 

Nascido em 1941, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Carlos Vergara é uma das figuras mais importantes da arte brasileira desde sua participação na exposição “Opinião 65” dedicados à Nova Figuração brasileira e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1965. Seu trabalho com múltiplas facetas – pinturas, instalações, monotipias e fotografias – compreendem a figuração e a abstração. Suas obras fazem parte das maiores coleções brasileiras: MAM Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAC Museu de Arte Contemporânea, Niterói, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Gilberto Chateaubriand Coleção e Fundação Calouste Gulbenkian.

 

 

 

Até 05 de abril.

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