Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição “Carlos Vergara – Sudários”, em cartaz na Galeria
Instituto Ling, Porto Alegre, RS, traz obras representativas do percurso de experimentação do
artista que, desde os anos 80, investiga o campo expandido da pintura, utilizando novas
técnicas, materiais e pensamentos que resultam em obras caracterizadas pela inovação. A
exposição é composta de quatro telas – monotipias sobre lonas, realizadas entre 1999 e 2005
–, nas quais Vergara emprega pigmentos naturais e minérios para transferir texturas para a
tela, explorando, assim, o contato direto com o meio natural.
Uma grande instalação inédita, intitulada “Sudários”, apresenta 250 monotipias realizadas em
lenços de bolso, resultados de viagens para diversas regiões do mundo, como São Miguel das
Missões, Capadócia, Pompéia e Cazaquistão. Completam a exposição dezenas de fotografias
em pequeno formato com os registros das ações que originam os “Sudários”, sublinhando
assim a importância do processo para a obra como um todo. A exposição tem patrocínio da
Fitesa e financiamento do Governo RS / Sistema Pró-Cultura / Lei de Incentivo à Cultura.
Sobre o artista
Carlos Vergara possui uma obra extensa e consistente, que vem produzindo desde os anos
sessenta e que lhe conferiu posição de destaque na arte contemporânea brasileira. Nascido na
cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Vergara iniciou sua trajetória nos anos
60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em
1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um
marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante
da realidade social e política da época. A partir dessa exposição formou-se a Nova Figuração
Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias,
Rubens Gerchmann e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político.
Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço
próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os
anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas
técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela
inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser
expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 200 exposições individuais e coletivas
de seu trabalho, dentre elas a Bienal de Medelin 1970, Bienal de Veneza de 1980, Bienal de
São Paulo edições de 1963, 1967, 1985, 1989 e 2010, Bienal do Mercosul edições 1997 e 2011.
Até 23 de agosto.