O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Resistir ao passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, com obras inéditas do artista Vijai Patchineelam, com curadoria de Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre. Completam a mostra três trabalhos do artista Carlos Zílio, da série “Equilíbrio”, de 1977, em madeira e metal, pertencentes à coleção do MAM Rio, que dialogam com as obras de Vijai Patchineelam.
A exposição terá o vídeo “Resistir ao passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, que dá nome à exposição, além de fotolivros e cartazes, que formam uma única instalação, onde Vijai Patchineelam testemunha modos de apreensão da realidade. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o artista fez mestrado na KonstfackUniversityCollege de Estocolmo, na Suécia, e foi lá que fez as imagens do filme que estará na exposição. Ele filmou as marchas e os protestos, as vozes clamando, os ativistas ilegais, os corpos sociais, os carros entediantes, a indisciplina do movimento, as autoestradas do norte, a tentativa continuada da criação de igualdade, muitos jovens na paisagem, a inércia europeia, etc. “Não há denúncia, testemunho ou ilustração de qualquer ideia narrativa. O político procura se fazer presente na montagem cinematográfica”, dizem os curadores.
“A exposição-instalação de Vijai Patchineelam tem a capacidade de funcionar como uma poderosa “caixa de ressonância” diante da perplexidade de um tempo suspenso entre o que já foi e o que ainda não é. Como articular gestos individuais ou coletivos, artísticos ou sociais, produzidos na montagem de um filme ou ocorridos na tomada das ruas com necessidades muito urgentes que parecem inatingíveis por nossas (boas) intenções? Esse conjunto de ‘coisas’, ou seja, de imagens em movimento e de objetos dispostos no espaço de uma determinada maneira são perguntas sobre um possível deslocamento na história”, afirmam os curadores.
A exposição será complementada por três trabalhos de Carlos Zilio, “uma espécie de ‘roteiro’ que estrutura o vídeo de acordo com as três variações de equilíbrio por corte presente na instalação”, conta Vijai Patchineelam. “E é também uma conversa entre Vijai e Zilio sobre arte. Uma homenagem que os que vêm depois fazem aos que já cá estavam. Talvez a arte seja isso mesmo, um diálogo contínuo em tempos distintos, sobre as mesmas questões”, ressaltam os curadores.
Sobre o nome da exposição, os curadores afirmam: “Um título em três atos, sem progressão nem redenção, três situações, apenas três. E ainda assim vemos sendo engendrado um pensamento que polariza dois tipos de tensão social e política; por um lado, a energia difusa do protesto, e por outro, a procura por medidas concretas”.
Filmes na Cinemateca do MAM Rio
No dia 21 de janeiro, às 18h30, serão exibidos dois filmes do artista na Cinemateca do MAM Rio: “Trocas Bruscas” (2012), que põe em movimento uma sucessão de imagens de natureza estáticas, porém “distendidas”, e de objetos na sua maioria industriais, que foi filmado em Jardim Canadá, Minas Gerais, área radicalmente industrializada na última década pela indústria de mineração, e Parte 2 (2014), que, ao contrario de “Trocas Bruscas”, opta por uma visão externa e noturna do bairro Jardim Canadá. Seguindo um grupo de cães de rua, “Parte 2” procura retratar a paisagem imediata explorando os terrenos baldios e as ruas do bairro. Os filmes serão musicados ao vivo pela Banda DEDO e pelo artista e músico Pontogor.
Sobre o artista
Vijai Patchineelam nasceu em 1983, em Niterói, RJ, Brasil. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui mestrado em Belas Artes na KonstfackUniversityCollege de Estocolmo, na Suécia. No início deste ano, concluiu um projeto de pesquisa de um ano na Jan van Eyck Academie em Maastricht, na Holanda. Patchineelam trabalha principalmente com vídeo, fotografia e livros. Dentre suas exposições mais recentes estão a participação do 18º Festival Videobrasil, e as mostras na IgnacioLiprandiGallery, em Buenos Aires, Argentina, e na SevenArtGallery, em Nova Delhi, Índia.
De 14 de janeiro a 1º de março.