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Vik Muniz: Espelhos de papel

Vik Muniz inaugura a sua primeira mostra na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, espaço que passou a representá-lo no Brasil desde o ano passado e no qual ele inicialmente estreou, em novembro último, no papel de curador, assinando uma coletânea dedicada à Op-art. “Espelhos de papel”, a nova exposição, com onze obras inéditas, é a primeira individual de Muniz em São Paulo desde 2010.

 

As obras apresentadas pertencem à nova série “Imagens de Revista 2”, na qual o artista vem trabalhando nos últimos dois anos. Tendo mais uma vez a fotografia como objeto final de sua produção, Vik volta a se apropriar dos fragmentos de revistas., utilizando papéis rasgados, criteriosamente escolhidos a partir de imagens de publicações variadas. “Elas precisam ser rasgadas para parecerem mais acidentais, como se tivessem caído ali como confetes”, diz ele sobre o processo de colagens.

 

Vik Muniz joga com os limites da representação, recompondo imagens de obras referenciais que já fazem parte do repertório visual do espectador. A série atual parte do constante interesse do artista pelas ilusões de ótica e pelas brincadeiras, que ele diz explorar igualmente a sério. Vik conta que em visitas a museus observou que os espectadores, às vezes, se moviam para frente e para trás, numa espécie de transe, enquanto exploravam a fronteira mágica entre conceito e objeto. Para ele, justo nesse ponto de transição dá-se o encontro que considera o sublime em arte: “Esses são os momentos que contêm em sua transcendência a própria natureza da representação”.

 

Em seu texto de apresentação da mostra “Espelhos de papel”, o jornalista Christopher Turner observa que, à primeira vista, as obras parecem familiares, uma galeria de imagens famosas.“Mas quando olhadas de perto elas não são o que parecem”. Cada quadro é uma colagem composta por centenas de imagens artisticamente arrumadas de acordo com a gradação de cores: “Esse vertiginoso mosaico de imagens superpostas, que dissolvem o plano do quadro numa multiplicidade de pontos focais, foi escaneado e ampliado para que o espectador possa ver os cabelos, as fibras e até a celulose do papel cortado nas bordas”, escreve Turner.

 

O conjunto de fotografias digitais C-print em grandes formatos, que constitui a montagem da Galeria Nara Roesler, foi selecionado pelo próprio Vik Muniz. A mostra “Espelhos de papel” inclui composições a partir das pinturas de Monet, Coubert, de Kooning e Wilhelm Eckersberg, entre outras. Os trabalhos foram produzidos nos estúdios do Brooklyn, em Nova York, e da Gávea, Rio de Janeiro, cidades entre as quais o artista se divide atualmente.

 

Para a crítica e curadora Luisa Duarte, “…sua obra abriga uma espécie de método que solicita do público um olhar retrospectivo diante do trabalho. Para “ler” uma de suas fotos, é preciso indagar o processo de feitura, os materiais empregados, identificar a imagem, para que possamos, enfim, nos aproximar do seu significado. A obra coloca em jogo uma série de perguntas para o olhar, e é nessa zona de dúvida que construímos nosso entendimento”.

 

Simultaneamente à mostra solo de Vik Muniz, a Galeria Nara Roesler apresenta, na programação paralela do projeto Roesler Hotel, a individual “Atacama: 1234567” – da curadora chilena Alexia Tala, que traz pela primeira vez ao Brasil a obra do artista britânico Hamish Fulton.

 

Sobre o artista

 

Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo, SP. Vive e trabalha em Nova York e Rio de Janeiro. Participou de inúmeras bienais, como da 49ª Bienal de Veneza, Itália, 2001; 24ª Bienal Internacional de São Paulo, Brasil, 1998; Bienal de Arte Contemporânea de Moscou, Rússia, 2009, entre outras. “Vik”, no Centro de Arte Contemporânea de Málaga, Espanha, 2012; “Relicário”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Brasil, 2011; e “Vik Muniz”, no Nichido Contemporary Art, em Tóquio, Japão, 2010, são suas mais recentes exposições individuais. Algumas das mostras coletivas de que participou são: “Swept Away”, no Museum of Arts and Design, em Nova York, 2012, e “Pure Paper”, na Rena Bransten Gallery, em São Francisco, 2011, ambas nos Estados Unidos; “Fragments latino-américains’, na Maison de l’Amérique Latine, em Paris, França, 2010; e “Surface Tension”, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, Estados Unidos, 2009. Suas obras integram acervos como os do Centre Georges Pompidou, em Paris, França; Guggenheim Museum, em Nova York, Estados Unidos; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, Espanha; e Inhotim – Instituto de Arte Contemporânea, em Brumadinho, MG, Brasil.

 

De 2 de abril a 11 de maio.

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