A segunda exposição que a Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro exibe é do consagrado Vik Muniz. O artista, que atua entre Nova York e o Rio de Janeiro, apresenta 11 trabalhos, inéditos no Brasil, de duas séries recentes, “Álbum” e “Postcards from Nowhere”. Nelas, trabalha com fragmentos de fotos e de cartões postais, respectivamente, para trazer à tona e subverter os mecanismos pelos quais as imagens são percebidas, quando decompostas nas suas várias camadas de compreensão: o detalhe, a totalidade e o imaginário de quem a vê.
Formadas por fotos em p&b e sépia retiradas de recordações de famílias, as imagens da série “Álbum” são elas mesmas enormes reproduções de cenas pessoais imortalizadas pela câmera. Tirar fotografias era, até pouco mais da metade do século 20, uma ação quase solene, reservada a ocasiões especiais, pelo preço e especificidade dos materiais utilizados. Dessa forma, apenas os momentos verdadeiramente memoráveis mereciam registro.
Com o barateamento do equipamento e o advento da tecnologia digital em sua reprodutibilidade infinita e instantânea, a fotografia hoje tornou-se corriqueira, perdendo a dimensão de solenidade e de intimidade. É isso que Vik Muniz problematiza em “Álbum”, por meio da miríade de imagens que concorrem para formar a macrofoto.
O olhar do espectador divide-se entre concentrar-se na imagem maior, que aqui pode ser a menina da baliza de uma fanfarra, o senhor orgulhoso do produto de sua pesca ou a jovem posando na praia, ou focar as várias pequenas recordações que parecem se perder na coletividade e impessoalidade. Assim, o público se vê confrontado por questões como a experiência pessoal em contraponto à experiência coletiva, à formação da memória e a banalização da imagem com a saturação de sua incessante produção.
Sobre o artista
Vik Muniz nasceu em 1961, em São Paulo. Vive e trabalha em Nova York e Rio de Janeiro. Participou de inúmeras bienais, como da 49ª Bienal de Veneza, Itália (2001); 24ª Bienal de São Paulo, Brasil (1998); Bienal de Arte Contemporânea de Moscou, Rússia (2009), entre outras. O Tamanho do Mundo (Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil, 2014), Más acá de la imagen (Museo de Arte del Banco de la República, Bogotá, Colômbia, 2013); Clayton days (The Frick, Pittsburgh, EUA, 2013); são suas mais recentes exposições individuais. Algumas das mostras coletivas de que participou são: Superreal: alternative realities in photography and video (El Museo del Barrio, Nova Iorque, EUA, 2013); Travessias 2 (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); e Swept away (Museum of Arts and Design, Nova Iorque, 2012);. Suas obras integram acervos como: Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA; Centre Pompidou, Paris, França; Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha; Inhotim, Brumadinho, Brasil, entre outros.
Até 12 de outubro.